Dom Paulo Evaristo Arns, presente!
O Núcleo de Preservação da Memória Política lamenta profundamente o falecimento de Dom Paulo Evaristo Arns, um dos grandes símbolos da luta por justiça, verdade e memória.
Durante a ditadura civil-militar (1964-1985), Dom Paulo esteve à frente de inúmeras manifestações em defesa da democracia e das liberdades, sofreu ameaças e perseguições, mas sempre manteve a sua postura firme e inflexível diante das inúmeras violações dos ditadores e seus agentes.
Em 1972 criou a Comissão de Justiça e Paz, coordenado a publicação do documento “Testemunho de Paz”, que denunciava os crimes da ditadura. Em 1975, esteve à frente da celebração ecumênica em memória do assassinato do Jornalista Vladmir Herzog. O ato se tornou um símbolo da resistência civil ao regime ditatorial.
Ainda é importante lembrar seu trabalho na liderança do projeto Brasil Nunca Mais, juntamente com o rabino Henry Sobel e o pastor Jaime Wright. O trabalho, que resultou em um livro homônimo, denunciou as graves violações aos direitos humanos cometidas por agentes à serviço da ditadura civil-militar.
Contudo, sua trajetória ministerial não se limitou à resistência à ditadura e seus terríveis desdobramentos. Ele teve uma notável atuação na defesa dos direitos dos pobres, das mulheres e crianças – tanto que em 1983 foi um dos fundadores da Pastoral da Criança, juntamente com sua irmã, Zilda Arns. Ao longo de seu ministério, foi responsável pela formação de mais de 1220 centros comunitários.
Pessoas como Dom Paulo sempre estarão presentes nas lutas por direito e justiça. A sua morte é uma grande perda, justamente porque ele viveu pelo bom, pelo justo e pelo melhor do mundo. Seu trabalho incansável na defesa dos direitos humanos é seu maior legado e inspiração.