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A Rede Latino Americana e Caribenha de Lugares de Memória (RESLAC) celebra a recuperação da democracia no Estado Plurinacional da Bolívia. Esta conquista exemplar, fruto da mobilização e resistência ativa do povo boliviano, é um exemplo não somente para a Bolívia, mas para todos os países da região. Faz menos de um ano, a RESLAC emitiu um comunicado repudiando o golpe de Estado perpetrado pelas Forças Armadas, policiais e setores da sociedade. Naquele comunicado, rejeitamos a posição então assumida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que celebrou a ruptura institucional e incitou os outros países da região a seguir as mesmas vias para a desestabilização dos governos regionais. A participação majoritária do povo boliviano na jornada eleitoral do último domingo 18 representa a culminação de um processo de luta que se estendeu por 11 meses contra um governo ilegítimo e responsável por inúmeras manifestações de repressão, racismo, criminalização dos movimentos populares e estigmatização política.

24 de outubro de 2020

Com a participação de 88,4 % dos eleitores, uma da mais altas da história democrática na Bolívia e ate mesmo , no século XXI, em toda a América Latina, o povo da Bolívia optou , de maneira democrática e majoritária , pela recondução do Movimento ao Socialismo (MAS) , definindo,  com 55,19% (segundo os resultados oficiais informados pelo Superior Tribunal Eleitoral) a eleição de Luis Arce e David Choquehuanca como a fórmula ganhadora para a  presidencia . Esta foi uma derrota daqueles que tentaram a criminalização e perseguição de uma força política que conseguiu incorporar milhões de bolivianos e bolivianas como detentores de direitos, pela primeira vez na história daquele país.

No contexto do golpe contra o ex- presidente Evo Morales  e da tomada do poder , de forma ilegal e ilegítima de Jeanine Áñez que contou com o respaldo das Forças Aramadas e policiais, foram reprimidas manifestações populares contrárias ao golpe que deixaram um saldo de  21 pessoas mortas e dezenas de feridos. As responsabilidades destes assassinatos e as graves violações ocorridas não foram investigadas nem punidas. A existência de grupos civis e  paramilitares que atuaram durante estas manifestações também não foi investigada e estes mesmo grupos seguem atuando em várias regiões na Bolívia.

A RESLAC, ademais de celebrar o retorno da democracia na Bolívia , exige Verdade, Justiça e Reparação não somente a favor das vitimas dos massacres de Sacaba e Senkata mas também com todos aqueles que foram alvo de violações dos seus direitos humanos,  que culminaram em assassinatos. Também advogamos pela imediata libertação de todas as pessoas que foram privadas de liberdade, de forma arbitrária , no contexto destas manifestações, a maioria delas tendo sofrido também torturas físicas e psicológicas.